O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Ministério das Finanças de Angola assinaram um memorando de entendimento para alavancar o conhecimento das comunidades e sociedade civil em matéria do Orçamento Geral do Estado (OGE). Bem visto. Era mesmo disso que os nossos 20 milhões de pobres precisavam… como de pão para a boca!
O memorando de entendimento visa promover plataformas de diálogo em sede do OGE, com a elaboração de eventos de debates e de carácter pedagógico, bem como a elaboração de estudos e análises que proporcionam um maior entendimento das premissas do OGE público.
O Ministério das Finanças e a UNICEF concordam prestar entre si cooperação para o desenvolvimento e publicação de conteúdos sobre políticas e programas para promoção e o avanço dos direitos especialmente das crianças, dos jovens e das mulheres, através da troca de experiências, partilha de conhecimento nos seus esforços comuns de apoiarem o Governo e a população angolana, através de acções de comunicação, capacitação institucional e humana, projectos conjuntos de comunicação e advocacia, bem como a elaboração de estudos e análises, que fortaleçam o desenvolvimento sustentável e inclusivo de Angola.
Para o representante da UNICEF em Angola, Ivan Yerovi, citado na nota, a formalização desta parceria representa um passo positivo a participação do cidadão nas finanças públicas de Angola (já que nas suas próprias finanças as contas são sempre as mesmas), reforçando o compromisso da organização das Nações Unidas, no trabalho com o Governo e a sociedade civil, “para promover uma maior participação nas diferentes etapas do OGE, no sentido de melhorar o nível de qualidade do investimento social, de forma especial naqueles que impactam directamente o desenvolvimento das crianças e de duas comunidades”.
“O âmbito da referida cooperação alberga também contribuições técnicas ao orçamento e auscultação com a sociedade civil e elaboração de estudos e análises com enfoque nas finanças e no desenvolvimento social”, refere a nota de imprensa.
Dentro de um selectivo (como é timbre do MPLA) critério de prioridades, esta é uma iniciativa basilar e paradigmática daquilo que Angola precisa. Já que não conseguem aprender a viver (como pretende o Governo) sem comer, os angolanos podem continuar a morrer mas muito mais… letrados.
Recorde-se, no mesmo sentido, que alguns directores e técnicos dos Gabinetes de Comunicação Institucional e Imprensa (GCII) de vários departamentos ministeriais, governos provinciais, empresas e institutos públicos frequentaram em Outubro de 2018, em Luanda, o 1º Curso Nacional em Liderança e Gestão de Comunicação para Mudança de Comportamento.
Os participantes foram dotados, durante cinco dias, de novas ferramentas de comunicação no âmbito da parceria entre o Ministério da Comunicação Social e (é claro!) a UNICEF, onde se reflectiu sobre o “Conceito da Comunicação para o Desenvolvimento”, “A Mudança de Comportamentos e a Mudança Social – Maiores Pilares C4D” e a “Integração da C4D – critérios para uma Comunicação Eficaz”.
Entre as conclusões e recomendações, os participantes destacaram a criação de uma rede de novos comunicadores para mudança social, que farão uma abordagem multissectorial para atingir melhores resultados nas questões de privação das pessoas.
Foi ainda enaltecida a promoção de acções de recuperação dos valores culturais e tradicionais alterados com a desestruturação da família ao longo do tempo, bem como adaptar os planos de comunicação institucional numa ferramenta coordenada de auscultação, diálogo e interacção com as comunidades participantes nos processos de desenvolvimento.
Ao encerrar a actividade, o então secretário de Estado da Comunicação Social, Celso Malavoloneke, deixou patente que augura o melhor desempenho dos directores do GCII no sentido da evolução da comunicação no país, com vista a melhor aplicação do novo paradigma da comunicação que se pretende.
Os mais recentes exemplos da eficácia desta formação são, entre muitos, Eugénio Laborinho e Paulo de Almeida que, contudo, não tomaram a devida nota do pilar basilar deste curso. Por isso, falam quando devem estar calados e estão calados quando deviam falar. O mesmo se passa com João Lourenço que, contudo, tem a desculpa de não ter frequentado o Curso Nacional em Liderança e Gestão de Comunicação para Mudança de Comportamento.
Por sua vez, o então representante da UNICEF em Angola, Abubacar Sultan, referiu que a comunicação deve ser feita com as comunidades para as comunidades, para que se alcance o novo paradigma que se pretende da comunicação em Angola, uma vez que a comunicação não pode ter uma abordagem unilateral, sendo preciso ouvir as comunidades, incluindo os adolescente, para que entenda o problema e se busque soluções.
Para o director do GCII da Lunda-Norte, Mayama Salazar, é necessário existir uma interacção entre o Governo e as comunidades na perspectiva de que o projecto traçado a nível central e local tenha uma grande reflexão a nível das comunidades.
O participante fez ainda alusão que a falta de comunicação faz com que as comunidades não se revejam em alguns casos nos projectos traçados, quer seja a nível central ou local, concluído que é necessário haver uma interacção de comunicação entre os governos locais e as comunidades.
Participaram também no acto de formação, os representantes da Secretaria para Assuntos de Comunicação Institucional e Imprensa do Presidente da República, dos órgãos de Apoio ao vice-presidente da República e do Gabinete da primeira-dama da República de Angola.
Folha 8 com Lusa